terça-feira, 24 de setembro de 2013

Invasão samurai: Japoneses invadem o Brasil

Brasileiros se rendem à cultura da maior colônia japonesa fora do país do Sol Nascente


No ano de 2013 comemora-se 105 anos da imigração japonesa no Brasil. Mas durante todo este período não se viu tamanha disseminação da cultura japonesa como se percebe atualmente. Segundo estudiosos como o filósofo canadense Herbert Marshall McLuhan, a globalização criou comunidades multiétnicas, internacionais e multiculturais. Dentro deste ponto de vista, a TV e a internet são ferramentas poderosíssimas para a liquidificação cultural. Mas o fato de o Brasil possuir a maior colônia japonesa fora do Japão em todo o planeta impulsiona a aculturação, fenômeno que filósofos, antropólogos e sociólogos descrevem quando uma cultura começa a “engolir” outra.

Considerada pela colônia japonesa como data oficial do início da imigração, o dia 18 de junho de 1908 marcou o desembarque de 165 famílias nipônicas no porto de Santos, vindas no navio Kasato Maru. Em dez anos, a colônia japonesa atingiu o expressivo número de 14 mil pessoas. Entre 1917 e 1940, esse número subiu para 164 mil. De acordo com dados do dados do censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje já são mais de 2 milhão de nipônicos no Brasil entre isseis (aqueles nascidos no Japão) e descendentes, o que torna o Brasil o país que mais abriga japoneses fora do Japão no mundo (veja quadro abaixo). Um aumento de 173,7% no período de dez anos, já que no censo de 2000, 761 mil pessoas se declararam amarelas.

A maioria da população que se declarou amarela no último Censo é moradora no estado de São Paulo, apesar de haver representatividade em todo o território nacional. Destaque para outros estados brasileiros que mantém grandes concentrações de japoneses, como Paraná, Mato Grosso do Sul e Pará. Neste contexto, como bons mineiros que trabalham em silêncio (ou deveria dizer como as gueixas, que urdem igualmente mudas), a cultura japonesa vem se estabelecendo em terras brasucas paulatinamente, sem provocar o mesmo choque sofrido pelos imigrantes que pisaram em Santos há 105 anos.



História e tradição

A grande maioria dos imigrantes que viajou no Kasato Maru era composta por camponeses, homens, mulheres e crianças egressas das zonas rurais do Japão, que passava por uma forte crise, com desemprego em alta, o que obrigou a milhares de japoneses a procurar novos horizontes. Como o Brasil necessitava de mão-de-obra para o cultivo do café os governos dos dois países firmaram acordo facilitando a entrada de imigrantes oriundos do país do sol nascente em terras tupiniquins.O Kasato Maru foi só o primeiro de muitos.

Exatamente como aconteceu com os avós da funcionária pública Silvia Nawa, 35 anos, morada em Brasília há um ano e meio. Segundo a sansei (nome dado aos netos de imigrantes), tanto seus avós paternos quanto maternos eram crianças ou adolescentes quando chegaram ao Brasil, depois de três longos meses de viagem. “A viagem aconteceu em condições extremamente precárias. Apesar de terem vindo separados, todos eram muito pobres e passaram por situações semelhantes”, conta Sílvia. A maioria dos navios que transportavam os imigrantes não oferecia condições dignas para os passageiros. Drama vivido por milhares de pessoas.

Após a Primeira Guerra Mundial, milhares de pessoas vindas do Japão arriscaram uma mudança radical de vida procurando novos horizontes em um país tropical. A maioria desembarcou no Brasil, principal alvo dos imigrantes que procuravam se estabelecer nas Américas. Mas com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Brasil e Japão se viram em lados opostos do conflito, o que fez emergir uma gigantesca xenofobia que, até então, permanecia enraizada no coletivo brasileiro. Entre as medidas tomadas pelo governo brasileiro, a proibição da difusão da cultura nipônica foi a mais contundente. Escolas japonesas foram fechadas, o uso da língua foi vetado, bem como manifestações culturais. O assunto foi abordado pelo jornalista Fernando Moraes no livro Corações Sujos, lançado em 2000, e que virou filme em 2011.

Entretanto a cultura japonesa sobreviveu no Brasil até os dias de hoje, como é o caso da família de Sílvia. “Nossa educação tem muita influência, como o respeito aos mais velhos. Também comemos muita comida japonesa, falamos algumas coisas em japonês, o ano novo tem um significado especial e comemos bolinho de arroz no dia 1º de janeiro para trazer fartura”, detalha.

Mãos à obra

A aversão que boa parte dos brasileiros nutria pelos japoneses era baseada em preconceito, mas justificada pela inimizade entre as nações durante a guerra e também por questões econômicas, já que os imigrantes literalmente “suavam a camisa” e cresciam do ponto de vista financeiro e social, muitos deles lutando arduamente para manter viva a tradição natal.

Sílvia conta que, como inúmeros outros isseis, seus avós buscaram a ascensão social na agricultura no interior de São Paulo. “A família da minha mãe foi para Ibiúna e do meu pai para Pereira Barreto. Lá, meus avós se conheceram e formaram suas famílias”, explica. E seguindo os passos da família, os pais da funcionária pública não se acomodaram e foram tentar a vida na capital paulista. “Meu pais se conheceram na capital [São Paulo], onde foram trabalhar e estudar. Sofreram bastante, passaram necessidade. Depois de muita luta, cresceram, se formaram e tiveram muito sucesso profissional. Hoje, são aposentados e têm uma vida bastante confortável, merecidamente!”, comemora.

Apesar de todas as adversidades, o silencioso e humilde trabalho nipônico conquistou a simpatia do povo brasileiro e fez resistir a cultura japonesa até os dias de hoje, quando eclodiu como moda entre os adolescentes.

Banzai

Impulsionada por enlatados consumidos aos barbatões desde a década de 80 (para ilustrar podemos citar Jiraia, Jaspion, Ultraman e o monstrengo ora do bem ora do mal Godzilla), a cultura japonesa vem se firmando como inesgotável fonte de entretenimento entre a garotada brasileira. Tanto que são cada vez mais numerosos eventos como feiras e congressos com essa temática. Um exemplo dessas investidas em explorar esse nicho mercadológico é a Fukkatsu DF, que teve a segunda edição realizada no dia 18 de agosto no Centro de Ensino Fundamental (CASEB). Autoproclamada evento beneficente, cobrava entradas que variavam entre R$ 10 e R$ 15 mais um quilo de alimento não perecível a ser distribuído para instituições filantrópicas.

Segundo Carolina Vieria, que participa da organização do evento, os mais de 3 mil participantes da segunda edição superou o público da estreia, ocorrida em março. “Está muito bom, o público está gostando, o evento está grande e está crescendo”, ressaltou a organizadora que destacou ainda o início do trabalho. “Ele [o evento] começou com um projeto antigo, passamos quase um ano planejando. A gente estava com um projeto diferente de eventos em Brasília”. Robson Passarela participou pela primeira da comissão organizadora e destacou o caráter de integração da feira. “A Fukkatsu surgiu com intuito de trazer de volta os eventos antigos que tinha em Brasília, todo aquele clima de amizade”, destacou.

Comércio intenso

Para chamar a atenção da petizada e aguçar os instintos consumidores, dezenas de atrações foram disponibilizadas pelos organizadores da Fukkatsu. Participações especiais como Elcio Sodré, dublador e de Hermes Baroli, dubladores profissionais de desenhos e animes, se misturaram a espaços reservados a jogos de videogames e RPG, exibição de animes (desenhos animados japoneses), batalha campal, , amostra de artes marciais, apresentações de dança e teatro, shows musicais e ainda desfiles cosplay (fantasias de personagens das revistas, TV e games). Aliás, pelos transitando pelos corredores se via desde participantes (adultos, adolescente e crianças) caracterizados com fantasias que iam do ridículo ao fantástico, até o mais surrado e simples conjunto de jeans e tênis dos menos afoitos.

Apesar da pouca idade, a estudante Caroline Meier é veterana em concursos cosplay. A adolescente fantasiada de Kikyou, personagem do anime  Inu Yasha, já participou de mais de dez eventos, incluindo outros concursos de cosplay. Mas chegou tarde para o concurso da Fukkatsu e não pode participar. “Eu cheguei um pouquinho atrasada para o concurso de cosplay e não consegui me inscrever e estou muito triste por causa disso”. Ela tem ressalvas em relação a organização. “Esses eventos hoje em dia estão muito bagunçados, não estou gostando muito não”, desabafa.

Para quem não tinha fantasia em casa, bastava procurar nos estandes montando na feira. Feira, aliás, poderia ser a correta descrição do espaço reservado para o intenso comércio desenvolvido no local. Além de roupas alusivas a personagens ou mesmo figurinos mais completos tinha acessórios, enfeites e decoração, artigos de cama e banho, praça de alimentação, entre outros ramos das vendas. Henrique Alves, gerente de uma livraria de sebos, montou um estande no evento que oferecia para os visitantes camisetas temáticas, livros, revistas e mangás, que dividiam espaço com outros gibis, que iam da Turma da Mônica até os badalados X-Men. Henrique participou da primeira edição e de muitas outras no mesmo segmento. Para ele, é o tipo de negócio que compensa. “Esse público jovem busca muito mangá. E como Brasília não tem uma livraria ou uma banca que ofereça esses produtos, a gente está investindo nisso”. Na avaliação do gerente, a expectativa de retorno era maior, o que não quer dizer que houve prejuízo. “O outro [evento] estava maior, mais movimentado, mas está legal”, avalia.

Japonês candango

A comunidade japonesa Nippo Brasília estima que no Distrito Federal existam 8 mil japoneses ou descentes. nikkeis). Organizada em uma federação, a Nippo usa a internet para congregar outras entidades alusivas à cultura japonesa e divulgar o modo de vida nipônico. O site da comunidade oferece informações sobre história, tradições, culinária, informações sobre intercâmbio com o Japão. Longe de ser um veículo oficial, é mais um dos inúmeros pontos de referência na web para quem saber mais sobre o país das cerejeiras. O endereço do site é http://www.nippobrasilia.com.br/.

Fotos: Divulgação evento
Gráfico: fonte IBGE

Poupanças milionárias dobram em cinco anos


Contas com mais de R$ 1 milhão de destacam em investimento que ainda é o mais popular no país

 
Em seis anos, a quantidade de contas com mais de R$ 1 milhão na poupança dobrou no Brasil. Os números foram divulgados pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e revelam que as contas milionárias passaram de 3.822, em 2008, para 8.556, em 2012. Esse crescimento revela que a confiança dos investidores vem se reforçando ao longo dos anos após o baque sofrido no setor com o confisco da poupança em 1990 na execução do chamado Plano Collor.

Para os economistas, o que ainda faz da poupança a aplicação preferida dos brasileiros é o baixo risco de perda monetária, mesmo com rendimento abaixo de investimentos mais agressivos. Eles a indicam para investidores com perfil conservador, que não querem assumir riscos. O rendimento de é 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais a variação da TR, a taxa referencial.

É o caso do recepcionista Lenildo Dantas, 32 anos, poupador há cinco. Ele deposita em média R$ 150 por mês e faz planos para o dinheiro. “Pretendo dar entrada em uma casa ou comprar um carro”, sonha Leonildo. Sonho compartilhado com a noiva Tatyane Cristina Ribeiro da Silva, 29 anos, e poupadora há aproximadamente três. Com reserva mensal média de R$ 1,5 mil, a enfermeira também quer sair do aluguel.

Quando perguntado o motivo da escolha por esse tipo de investimento, Leonildo é categórico. “Comodidade. E porque a poupança é mais estável”, justifica. Já a desinformação na área econômica é o motivo pelo qual Tatyane não se arrisca em outras searas. “Não conheço outros meios de aplicação financeira, não tenho familiaridade. Talvez se os conhecesse, poderia diversificar os modos de investimento”, confidencia.

Altos e baixos desde a origem

Segundo o Banco Central, entre janeiro e agosto de 2012, o Brasil bateu um recorde histórico, em que os depósitos superaram os saques da poupança da poupança em R$ 26,2 bilhões. Mas de lá para cá, o clima econômico sofreu uma grande variação. De acordo com o indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina (ICE), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) com a parceria do Instituto alemão Ifo, em julho deste ano, o clima econômico registrou para 5,6 pontos, em uma escala onde números menores que 5 indicam clima desfavorável para a economia.

Criada em 1861 pelo imperador dom Pedro II e sendo a aplicação financeira mais tradicional no país, a poupança é isenta de imposto de renda e calculado tomando como base 70 % do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, ou simplesmente Selic, desde que a taxa básica de juros não ultrapasse 8,5 %. Historicamente, as mulheres conquistaram o direito de poder investir em uma poupança somente no ano de 1915.

Crédito foto: tosemdinheiro.com

Entrevista: Gerson TC, locutor de rodeios




Gerson Pereira, ou Gerson TC quando declama versos no melhor estilo country, é locutor de rodeios desde 1994, quando fez sua estreia na cidade mineira de Pirajuba. Um dos primeiros a narrar rodeios internacionais no Brasil (Divinópolis/MG), já percorreu o país afora com sua poderosa voz, emocionando público e peões. Quando garoto, em Santa Fé do Sul (SP), não gostava de rodeios, mas ia a contragosto empurrado pelo pai, este sim, amante de festas de peão. Trabalhou em grandes eventos, como Barretos, e já dividiu a arena com grandes profissionais do rodeio como Piracicabano, Almir Cambra, Rafael Vilela, Gleidson Rodrigues e o maior narrador do Brasil, Asa Branca. TC iniciou a carreira de comunicador no rádio e, hoje, divide o tempo entre rodeios e um estúdio próprio de produção de áudio, instalado na cidade de Frutal (MG), em que são produzidas vinhetas, spots e narração para diversos eventos e veículos. O próximo projeto é de levar o seu programa de rádio, Arena 97, veiculado na rádio 97 FM, a diversas cidades de Minas Gerais, Paraná, Goiás e São Paulo. Em um papo aberto e franco, Gerson TC fala da carreira, do ídolo Asa Branca e até de Marias Breteiras.

Alternativa: O rodeio é um negócio lucrativo?
Gerson TC: É lucrativo sim. Só que você tem que saber quais os eventos que você transita. Eventos bem planejados e bem executados, com uma dinâmica operacional e profissional, com agressividade naquilo que está sendo feito, com conteúdo atrai público, atrai investidores e automaticamente atrai também profissionais de calibre. Então é lucrativo sim, é rentável. Isso melhorou muito no Brasil. Nós temos hoje, em média, 1.800 rodeios, a maior parte deles concentrada no Sudeste, com predominância no estado de São Paulo.

Alt: Você levou o rodeio para o rádio na região do Pontal do Triângulo. Como é conciliar as duas atividades?
TC: Dá para conciliar. É mais trabalhoso, te toma mais o tempo. Mas tudo na vida é assim. E a ideia de levar o rodeio para o rádio, que foi o Arena 97, eu já tinha feito antes na Rádio 102 FM, quando fiz o Rádio Cowboy, que era um programa aos sábados. Ele durava duas horas e abordava o rodeio e tocava country music. Eu toquei o Rádio Cowboy por uns quatro anos na 102 FM, de 1996 a 2000. E volto agora com o rodeio no rádio pela 97 FM, com o Arena 97, abordando o Business Rodeo dentro e fora das arenas e tocando country music, que é a música américa rural, o sertenejão americano. E o rodeio veio de lá. Então lá só se toca hard country, country music, folk e rock’n roll. E isso tem tudo a ver com rodeio. Como o formato do nosso rodeio está bem na cara dos Estados Unidos, a ideia de tocar o country music é de tocar uma música que você não escuta no boteco, na rua, no baile funk. É uma música que você não encontra em qualquer lugar, não consegue baixar em qualquer buscador. O meu compromisso é esse: fazer a diferença.

Alt: Qual o rodeio menos expressivo que você já atuou?
TC: Não tem rodeios menos expressivos. Não se deve menosprezar os eventos ou considera-los por tamanho, por dimensão ou por posicionamento na Federação, ou seja, no estado. Tem narrador de rodeio que não vai a eventos pequenos, de mil pessoas, 2 mil ou 5 mil pessoas. Para mim não existem rodeios menos expressivos. Claro que, tecnicamente, têm rodeios inferiores. Aí si, você sente que isso influencia no teu trabalho.

Alt: Aonde você tem vontade de trabalhar e ainda não teve oportunidade?
TC: A oportunidade não te dão, você cria oportunidades. Já me perguntaram, por exemplo, por que eu não eu narro rodeio nos Estados Unidos. É porque eu não fui para lá e não moro lá, mas a “pegada” lá é diferente também, não tem narrador, tem um “anunciador de informações”, o announcer, que é o cara que informa, que dita as informações técnicas: o currículo do touro, do cowboy e por aí vai. Mas acho que seria divertido se nós, brasileiros, conseguíssemos introduzir nos EUA o ritmo explosivo e alegre de tocar o rodeio igual é aqui. Apesar de que aqui a emoção caiu muito com o formato americano, que veio de lá para cá melhorando a dinâmica, o formato profissional, mas que perdendo em emoção.

Alt: Em quem você se inspira para narrar rodeios?
TC: Eu admiro a simplicidade que tinha o Zé do Prato. Ele se virava sem nenhuma tecnologia. Ele não tinha nada de recurso tecnológico na mão dele, tanto que começou a narrar rodeios com um microfone de cabo, ligado em uma corneta. E as músicas que ele colocava, usava um toca-fitas a tiracolo. Ele falava e colocava o microfone no autofalante daquele pequeno equipamento. E por último admiro a ousadia, a autenticidade, a criatividade, o atrevimento e a imprevisibilidade em pessoa, além de todo o carisma que tinha: o Asa Branca.

Alt: Como foi trabalhar com ele?
TC: O Asa é um referência. Como narrador de rodeio, locutor e animador. Ele era esses três, conseguia ser os três em um. Foi o único “campeãozaço” nisso aí. Trabalhar com ele era divertido, mas ao mesmo tempo você tinha que ficar ligado. Eu cansei de falar para a arquibancada (a gente chamava de ferragem)... O Asa ia embora... No auge dele, na década de 90, principalmente entre os anos de 94 e 98. Ele estava no ápice da carreira (televisão, novela). O público ia para ver o Asa Branca e aproveitava para ver o rodeio. Era essa a realidade. As pessoas iam embora quando o Asa saia da arena. Tinha rodeio que você tinha que parar de falar porque ele estava descendo de helicóptero e parava tudo. A cena era dele. Mas isso para mim valeu muito como experiência profissional, porque aprendi muito do ritmo, da dinâmica, da levada, da postura de arena.

Alt: Qual a sua opinião sobre a atual situação dele?
TC: Não vou comentar aqui a questão pessoal dele, do que ele escolheu para ser alegre para ser feliz, para viver a vida intensamente como ele viveu. Todo mundo sabe que ele teve algumas barreiras, algumas pedras pelo caminho que acabaram tirando a saúde dele, tirando o motor dele. Hoje, inclusive, ele tem dificuldades de saúde. Oro por ele, é um cara que me fez aprender muito. Devido à questão de ser soropositivo e ficar debilitado, ele ainda teve a infelicidade de pegar o vírus do pombo. De cada 1 milhão de pessoas, uma corre esse risco e ele caiu nesse índice. Mas ele é tão forte que qualquer outro teria “atravessado o quebra-molas de costas com a mão cruzada no peito”. Ele não. A previsão é de que ficasse de cama ou andaria só de cadeira de rodas. Ele já está andando, tanto que esteve em Barretos esse ano. Ele não vai voltar mais a narrar rodeio, não vai voltar a ter aquele motor que tinha, mas é um cara de resistência. Isso é coisa de Deus mesmo.

Alt: Falando de grandes narradores, existe muita competição entre os profissionais dessa área?
TC: Na verdade não. O profissional confia no que faz e respeita o que o outro é capaz de fazer. Os que competem, querendo usar de artimanhas anti-profissionais não progridem, não evoluem, não vão para frente e têm carreiras curtas. A questão é você respeitar as pessoas que trabalham no meio e sempre procurar aprender, buscar informação e se cercar das companhias que trabalham bem.

Alt: Qual a ocasião mais emocionante que você passou na arena?
TC: Muitas. Já vi muita gente chorar depois de fazer a abertura, depois de ouvir a queima de fogos, por causa de acidentes em touro ou cavalo. Mais em touro, porque os riscos são maiores. Mas o que marcou mesmo foi no rodeio dos Campeões, em Frutal, no último ano que eu fiz, em 98. De presente de aniversário já que, coincidentemente, era naquele período, 16 de setembro. Tinha um helicóptero alugado para o Asa Branca para as quatro noites do rodeio. O organizador do evento, o Sr. Homero Alves, da Loja Maçônica Comendador Gomes, falou: ‘Essa noite você desce de helicóptero na arena’. Mas ele não falou isso informando. Falou em atitude. Me chamaram na hora e falaram: ‘Vem aqui, vem aqui’... Me marcaram numa Pajero [caminhonete] e fui parar dentro do Marretão [estádio de futebol de Frutal], que é onde estava o helicóptero. E de lá eu saí para a arena. Quando eu desci, minha família estava aqui em Frutal, minha mãe e meus irmãos que nunca tinham me visto trabalhar. E eu não sabia disso. Isso para mim teve uma emoção particular.

Alt: Você falou sobre acidentes. Já foi atacado por algum animal?
TC: Não, mas já passei perto de tomar cabeçada de boi, de tomar pisão de boi e cavalo e de tomar chifrada de boi. Apesar de que o chifre mais perigoso é o chifre fora da arena, do que o de dentro da arena. Mas você se acostuma com o território do touro e também com o posicionamento dos salva-vidas. E por outro lado, quando você não conhece uma boiada de rodeio, o seu dever é perguntar para quem está na correia se tem boi que pega, se tem boi que não pega. Tendo sempre o seu posicionamento correto dentro da arena e estando atento, você diminui os riscos. Mas eles são grandes. Considero que é mais arriscado fora da arena do que dentro da arena, porque você tem muitos riscos em viagens.

Alt: É lenda ou verdade o assédio das "Marias Breteiras"?
TC: Não é lenda, não, como tem no futebol a Maria Chuteira e no motociclismo Maria Capacete. Elas estão lá. O acesso delas é um pouco mais difícil nos rodeios grandes, nos mais organizados, porque tem que ter credenciamento, acesso permitido com pulseira ou cartão nas catracas. Mas se elas não conseguem chegar pela arena ou pelo fundo de brete [local onde o gado fica confinado, com os bastidores do rodeio], dão um jeito de chegar no hotel. Mas isso daí já não é o principal caminho, não. Hoje está todo mundo no mobile, tem Instagram, Whatsapp, Facebook. Acabou o mundo, você fica vizinho do mundo e o mundo é seu vizinho. Te adicionou lá e você sabe o que quer, então vamos para os “finalmente” e tá valendo. Vamos ser felizes.

Alt: Qual o maior campeão do rodeio que já viu competir?
TC: Tem a geração do Vilmar Felipe (esse é o mais clássico de todos no Brasil) e do Adriano Moraes. E tem a geração atual, do Silvano Alves. O maior campeão que já vi competindo e, inclusive, já narrei, foram esses dois primeiros. Já tive o prazer de narrar o tricampeão de Barretos, Vilmar Felipe, e o tricampeão mundial, Adriano Moraes. Eu narrei dias finais do Adriano, em 2000, uma Guaxupé, quando começou a se tornar o maior rodeio de Minas, e outra em Guaíra, no interior de São Paulo. O Vilmar também, por várias vezes. Mas já narrei outros grandes campeões como Fabrício Alves e Rogério Ferreira, da mesma geração. Da geração atual, cowboys como Edmundo Gomes, que é o Iron Cowboy do Brasil, Agnaldo Cardoso e Renato Nunes, que estão nos Estados Unidos, Robson Palermo, que é o tricampeão e Rei de Las Vegas, Paulo Crimber, que nunca foi campeã mundial porque quebrou a vértebra e teve a carreira interrompida. Enfim, tive o prazer de narrar grandes cowboys. Falei aí de touros, mas narrei grandes campeões de cavalo também.

Alt: As entradas dos locutores na arena são cada vez mais impactantes e criativas. Cite alguma vez em que entrou de forma "diferente".
TC: Já entrei à cavalo, em caminhonete, que virou uma ação em que concessionárias e as montadoras compram. E já entrei de helicóptero. Não tem nada mais vibrante do que você descer de uma aeronave em uma arena cheia. Voar é fantástico, você chega já “a milhão”. Helicóptero é a melhor de todas as aberturas.

Alt: Já passou alguma situação constrangedora na arena?
TC: Passar, eu não passei. Mas evitei situações constrangedoras na arena. Uma, no rodeio de Britânia, interior de Goiás. Um peão de cavalo que não se classificou para a final queria tomar o microfone da minha mão a todo custo para falar mal dos organizadores do rodeio, do juiz. Ele ia me provocar um problemão se eu desse o microfone para ele. E eu tive que ser mais firme do que já fui para botar ele para correr. Quando acabou o rodeio, ele veio na entrega de prêmio (era um carro e uma moto para o campeão) na minha direção de novo, pisando duro. Pensei: ‘Pô, o cara de novo, vem me torrar outra vez’. Mas não, ele tinha entrado para pedir desculpa pela atitude dele, disse que tinha exagerado. Microfone é uma arma que pode te colocar no céu ou inferno.  Sempre tomei esse cuidado.

Alt: Tem alguma dica para quem quer se aventurar na locução de rodeio?
TC: O cara que quer ser praieiro tem que estar em cima da prancha. O cara que quer ser boiadeiro tem que estar em cima do boi. E o cara que quer ser locutor de rodeio tem que estar no fundo de brete, nos hotéis onde se hospedam os cowboys, tem que estar nas chácaras, sítios ou fazendas onde os caras treinam antes de ir para o rodeio. E dentro do rodeio em si, o locutor de rodeio tem que estar no estúdio da cabine de som, acompanhando o cara da iluminação, mas essencialmente, tem que estar da porteira para trás. Ali que é o escritório dele, ante de entrar na arena. São nesses meios que o rodeio começa para terminar dentro da arena. Você tem que acompanhar, saber e se informar. Hoje está bem mais simples isso, porque o cara que quer ser locutor de rodeios consegue muito mais informações hoje, instantaneamente, do que conseguíamos antes, como quando eu comecei há 19 anos. Você quer saber quem são os locutores puxa no Youtube, Instagram, Whatsapp, Facebook e, instantaneamente, você tem dezenas, centenas de locutores na sua mão para assistir e escolher em qual deles você quer se espelhar. Mas a vida real, além da virtual, essa é a essencial, essa é importante. Você tem que ir para o meio. Cai para dentro, vá saber onde está o reino de botas, chapéu e espora e se envolva, busque informações corretas, elimine suas dúvidas com os profissionais de verdade para que você tenha acesso ao meio e, automaticamente, ascensão quando for buscar por isso.

Fotos: Arquivo pessoal

Cult Twitter – Cultura em 140 caracteres

@RGianecchiniJR

“Faço uma #participação nesse #filme que é uma graça! Juro que vale a pena assistir. com o ótimo#LuizFernandoGuimarães, em 3D. diversão pra família toda. estreia dia 30/08 nos cinemas.”

Reynaldo Gianecchini se refere ao filme Se puder, dirija, em que Luis Fernando Guimarães interpreta um manobrista de estacionamento que resolve pegar "emprestado" o carro de uma cliente e se comlica todo. No elenco estão ainda Bárbara Paz e Leandro Hassum

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@TheSlyStallone

“WILLIS OUT... HARRISON FORD IN !!!! GREAT NEWS !!!!! Been waiting years for this!!!! GREEDY AND LAZY... A SURE FORMULA FOR CAREER FAILURE”

"Willis está fora. Harrison Ford está dentro. Ganancioso e preguiçoso. Uma fórmula segura para o fracasso profissional ". Sylvester Stallone detonou Bruce Willis após não haver acordo financeiro sobre a participação do astro em Mercenários 3. Segundo a imprensa americana, Stallone teria oferecido U$ 3 milhões por quatro dias de filmagem e Willis queria U$ 4 milhões. O terceiro filme da franquia tem data de estreia prevista para 15 de agosto de 2014. Já estão confirmados no elenco Arnold Schwarzenegger, Jason Statham, Kellan Lutz, Ronda Rousey e Victor Ortiz. Tabloides especulam que Jackie Chan, Wesley Snipes, Nicolas Cage, Mel Gibson e Milla Jovovich podem integrar o elenco estelar.

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@CaioCorraini

“Não lembro de quem ouvi, mas o Hugh Jackman já faz o Wolverine há mais tempo do que o Sean Connery fez o James Bond no cinema. Pense nisso.”

O tuiteiro Caio Corraini trouxe à tona uma curiosidade incontestável do mundo do cinema. Hugh Jackman encarna o mutante há 13 anos, desde que o filme X-Men estreiou em 2000. Atalmente está em cartaz com Wolverine Imortal e filma X-Men – Dias de um futuro esquecido, que deve ser lançado em 2014. Já o eterno agente com licença para matar foi interpretado pelo escocês Sean Connery por nove anos. A estreia do ator na franquia foi justamente no primeiro filme da série, 007 contra o satânico Dr. No, em 1962. O último filme de Connery na pele de Bond foi em 1971, com o filme Os diamantes são eternos.

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@mariagadu

“boa tarde amores!!!! obrigada a todos que foram ontem no Teatro Net !!foi delicia demais!!!!!!”

Esse foi o agradecimento da cantora Maria Gadu após o show realizado no Theatro Net Rio no dia 13 de agosto. No show "Doncovim", Maria Gadu interpreta canções dos Saltimbancos, de Sandy e Jr, Adoniram Barbosa, BackStreet Boys, Legião Urbana, entre outros.
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Foto: Divulgação Twitter

Delação premiada contra corrupção é aprovada no DF



Um projeto de lei da Câmara Legislativa do Distrito tem criado polêmica no meio político nacional. O projeto, aprovado no final de junho e publicado no Diário Oficial da Câmara Legislativa no dia 5 de agosto, estabelece recompensa para delatores de corrupção. Pelo texto, o pagamento seria feito com parte do dinheiro recuperado de esquemas fraudulentos, assim que voltasse aos cofres públicos. O valor seria de 10% de todo o montante. A autoria do projeto é do deputado Israel Batista (PEN) e segue agora para a sanção do governador Agnelo Queiroz.

Além da motivação óbvia de ser inédito, o projeto causou estranheza por incentivar a terceiros a cumprir o papel de fiscalizador da coisa pública, onde o Estado deveria ter essa responsabilidade. E esse indivíduo, tendo conhecimento de alguma irregularidade pode, em muitos casos, ser participante da falcatrua e ainda se beneficiar da delação. Esse é o argumento usado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Distrito Federal, que promete entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade, caso o projeto seja sancionado.

Para Rodrigo Furtado, sociólogo e professor da Universidade do Estado de Minas Gerais, o combate à corrupção passa pela reforma política, o que abriria outra discussão: que tipo de reforma e quais os pontos cruciais de mudança a fim de combater a corrupção. “Qual reforma? O financiamento público, acredito, deve ser o principal ponto no que diz respeito ao combate à corrupção”, afirma o acadêmico que destaca ainda outros pontos a serem observados. “combate à corrupção depende de instituições fortalecidas, autônomas, formando um sistema de pesos e contrapesos”, pontua.

Manifestações

Em meio a tantas reivindicações, o combate à corrupção teve seu destaque nas manifestações que tomaram as ruas das principais cidades do país no mês de julho. Iniciadas pelo Movimento Passe Livre (MPL), que reivindicava queda no preço das tarifas do transporte público, as manifestações atraíram inúmeras pessoas com outras pautas, entre elas a questão da corrupção. Segundo o antropólogo Gabriel Soares, 28 anos, membro do MPL e do Coletivo da Cidade, e manifestante ativo, a multiplicidade de pautas foi um marco no país. “[As manifestações] trouxeram milhões de pessoas para as ruas que nunca protestaram antes, uma barreira muito importante foi quebrada”, avalia.  Para ele, o descontentamento com a classe política se refletiu nas ruas. “Há uma descrença generalizada com a política institucional. Poucos países tem uma cultura de protesto e resistência politica como o Brasil”, afirma.

A pressão exercida em julho parece ter ligado a luz de alerta da classe política. O projeto é uma resposta para a sociedade na questão do combate à corrupção. Se irá funcionar, se será benéfico ou não, ainda é uma incógnita. Quem não parece ter dúvidas são dos deputados distritais, já que o projeto foi aprovado por unanimidade.

Foto: prefeitosonline.com.br