domingo, 21 de novembro de 2010

Lei de Estágios completa dois anos com queda na contratação


Desde que foi criada, em setembro de 2008, a lei 11.788/2008, conhecida como Lei de Estágio divide opiniões. Por um lado, estudantes passaram a ter benefícios que antes não tinham direito. Por outro, empresas tiveram maiores ônus, o que fez com a o número de contratações diminuísse. Segundo a Associação Brasileira de Estágios(Abres), a quantidade de estagiários caiu de 1,1 milhão em 2008 para 900 mil em 2010. São 200 mil vagas que foram suprimidas, sob a alegação de que a Lei de Estágios seria onerosa.

Dentre as mudanças, estão: o direito de gozar de férias remuneradas; carga horária limitada a seis horas diárias, o equivalente a 30 horas semanais para universitários; a permanência na mesma empresa por até dois anos, exceto no caso dos portadores de deficiência.

Ainda de acordo com a Abres, o maior número de vagas para estágio está nas áreas de Administração de Empresas, Comunicação Social e Informática. Segundo uma reportagem da revista Veja, diversas empresas têm deixado de lucrar milhões de reais por falta de profissionais competente na área de Tecnologia da Informação. Já algumas empresas têm preferido investir no estagiário para moldá-lo de acordo com seus padrões profissionais. Mas ainda assim, a quantidade de estágios está aquém do número anterior à criação da Lei de Estágios.

A jornalista Hismênia Keller passou pelo estágio e conseguiu o emprego antes mesmo de terminar a faculdade. “Estagiei por seis meses, daí prorrogaram por mais seis. Depois, tive sorte. Surgiu uma vaga na empresa e fui efetivada um semestre antes de terminar o curso”, conta a ex-estagiária. Isso é o que se espera, mas nem sempre é o que acontece.

Em um mercado cada vez mais competitivo, os estagiários são contratados com exigências de profissionais. Os pré-requisitos estão cada vez maiores, o que leva os alunos a procurar o preparo, que deveria ser oferecido no próprio estágio, em cursos extra-curriculares.

É o caso da estudante de Comunicação Kelly Cristina, que faz curso de inglês há um ano na expectativa de melhorar seu currículo e ter um diferencial no momento de uma possível contratação. “Hoje o inglês é fundamental. Querendo ou não, (depois do português) é língua mais utilizada dentro do nosso país. Quem tem inglês fluente, tem mais chances no mercado de trabalho, principalmente na área de comunicação como é o meu caso”, explica a universitária.

Para a Gerente de Relações do Trabalho da Rede Vitoriosa de Comunicação, Maria José França Félix, o critério da empresa é de rodízio. O estagiário normalmente não tem o estágio renovado após seis meses para que outro também possa ter a chance de estagiar. “Isso não significa que ele é esquecido. Quem passar por aqui e se destacar poderá ser chamado, depois de formado, para uma contratação efetiva, assim que surgir uma vaga”, esclarece Maria José.

A gerente ainda afirma que o estágio é bom para o aluno e para a empresa. “É o momento do estagiário ver na prática o que ele já conhece na teoria. A experiência que ele irá adquirir será fundamental para o seu futuro profissional. Já tivemos estagiários que hoje estão em grandes grupos de comunicação e são reconhecidos nacionalmente”, complemennta.

Imagem: jangadeiroonline.com.br

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