terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A semiótica da oficina cultura de Uberlândia

Por Kamilla Arruda e Ronaldo Pedroso



Oficina Cultura atualmente

Resumo

A Oficina Cultural de Uberlândia é um espaço dedicado a cursos voltados para a cultura, mantido pela prefeitura municipal. Entre os diversos cursos ministrados estão teatro, artesanato, música. Este trabalho busca fazer um estudo semiótico da Oficina e, para isso, mostra o contexto histórico do local, bem como os conceitos da Semiótica enquanto Teoria da Comunicação, para melhor análise e abordagem do assunto.

Palavras-chave: semiótica, oficina cultural, história, comunicação, signos.

Introdução

A Semiótica foi iniciada através do filósofo e lingüista suíço Ferdinand de Saussure, a partir de seus estudos sobre a lingüística. De acordo com ele, a linguística seria apenas uma parte da Semiótica, até então não considerada ciência. Charles Sanders Peirce, cientista, lógico, filósofo e matemático norte-americano também estudou a Semiótica como o estudo dos signos. Semiologia designa a teoria da linguagem e suas aplicações a diferentes conjuntos significantes. Saussure, a define como “a ciência que estuda o signo dentro do contexto social no qual está inserido.”
Para Saussure, “Signo é a união de significante e significado. É qualquer coisa que signifique alguma coisa para alguém. Em princípio tudo é signo. Entidade que pode tornar-se sensível para um grupo determinado de pessoas que o utilizam” (TEMER, NERY, 2009). Signo também pode ser entendido como qualquer coisa que signifique alguma coisa para alguém. Em princípio, tudo é signo. Entidade que pode tornar-se sensível para um grupo determinado de pessoas que o utilizam.
Para Coelho (1990), significante é a parte material do signo (o som que o conforma, ou os traços pretos sobre o papel formando uma palavra, ou traços de um desenho que representa, por exemplo, um cão). Significado é o conceito veiculado por essa parte material, seu conteúdo, a imagem mental por ela fornecida (por exemplo, cão – animal quadrúpede, mamífero da ordem dos carnívoros).
A análise semiótica da Oficina Cultural perpassa, de maneira irrefutável, pelo contexto histórico da entidade, seja por sua criação, estrutura arquitetônica, cursos ou importância social. Não se trata apenas de um prédio, mas todo o seu significado para a comunidade uberlandense, com suas tradições, cultura e história.

Contexto Histórico

A Oficina Cultural é constituída por um conjunto de construções do início do século XX, ligados a história da energia elétrica em Uberlândia. A primeira companhia foi criada em 1912 e recebeu o nome de Companhia de Força e Luz de Uberabinha. Em 1929 com a criação da Companhia Prada de Eletricidade, foi efetuada a compra da Cia Força e Luz e o imóvel de dois pavimentos situados na esquina da Praça Clarimundo Carneiro com Rua Tiradentes se transformou na administração da Cia Prada.
No mesmo período, o Coronel Clarimundo Fonseca Carneiro adquiriu um terreno ao lado, voltado para Rua Tiradentes, onde construiu sua residência. A construção dos dois imóveis é atribuída a Cipriano Del Fávero e Fernando Vilela. O conjunto é integrado por um pátio de três anexos: um construído no alinhamento do terreno voltado para a Praça Clarimundo Carneiro, outro nos fundos e o terceiro, entre este e a antiga residência.


Antiga casa que deu lugar ao prédio

De 1936 a 1973, funcionou como residência dos gerentes da Prada Eletricidade. Sendo que no pátio foi instalado um posto para o abastecimento dos veículos da firma, criado um anexo no fundo com instalações para oficina mecânica, uma marcenaria e uma carpintaria. Após 44 anos, em 1973, a CEMIG encampou a Prada Eletricidade fazendo com que a casa deixa-se de ter uso residencial para abrigar funções administrativas. Conforme a Lei Municipal nº. 4.217 de 15/10/1985 foi decretado o tombamento do “Prédio da Cemig”.


Companhia Força e Luz, 1929

A partir de 1993, todos os terrenos que compunham o conjunto, passaram a se constituir em um único imóvel, que foi adquirido pela Prefeitura Municipal em 1995 para ser ocupado pela Oficina Cultural de Uberlândia. Sendo a primeira Oficina Cultural de Minas Gerais, a Prefeitura adquiriu mobiliários, equipamentos especializados e desenvolveu com apoio da Construtora Encol e Tintas Coral, a primeira fase de reformas e adaptações, concluindo salas para aulas de dança, literatura, música e teatro, ateliês, galerias para exposições, auditório para palestras e sessões de vídeo, salas para administração e projeto paisagístico. Autorizando assim, o funcionamento imediato da Oficina Cultural de Uberlândia.
Na segunda fase de reforma, foi colocado a disposição do público um laboratório fotográfico, ateliês para cerâmica e complementação dos ateliês já em funcionamento para ampliação das atividades em artes plásticas. Para apresentações de dança, música e teatro a oficina possui um palco móvel localizado em sua área externa, permitindo realizações de espetáculos para um público estimado de mil pessoas.
O espaço tem programação versátil, voltado a promover ações e projetos de formação, qualificação e aperfeiçoamento do indivíduo e da comunidade, fomentando a experimentação em arte e cultura, utilizando diversas linguagens e técnicas, como artes plásticas, dança, artesanato, literatura, música, teatro, além de exibições de filmes, exposições e a realização de projetos permanentes e apoio à produção artística local.


Oficina Cultural em 2001

De acordo com Vera Lúcia, atual administradora da Oficina Cultural

“desde sua fundação o local realiza atividades e programações gratuitas, oferecendo sempre profissionais qualificados e atualizados. A prefeitura paga os professores para que eles ministrem as aulas, e possui um cronograma que pode ser comparado a qualquer outra Oficina Cultural do país. Os materiais necessários para o desenvolvimento das atividades ficam por conta do aluno e as vagas dos mini-cursos alem de serem limitadas é selecionada por idade.”

Cursos oferecidos

A Oficina Cultural supera a sua função de ser um local para a realização de curso para a comunidade, passando a ser base de formação cultural que se pode encontrar com gratuidade e qualidade na cidade. A Oficina também é o início, a base cultural para os seus freqüentadores. Posteriormente, eles poderão procurar mais conhecimento e aprofundamento nas técnicas ali aprendidas, e até mesmo mostrá-las em locais como a Casa da Cultura. Nesse caso, pode-se fazer outra análise: a de que a Oficina significa o “berço cultural”, os primeiros passos para a arte.

Para Temer e Nery (2009),

“linguagem é um sistema organizado de signos – apenas verbais ou escritos, mas também visuais, fisionômicos, sonoros, gestuais etc. – que possibilita a comunicação. É um recurso utilizado pelo ser humano para se comunicar e estabelecer vínculos de tempo e tipos de relações que mantém. É a linguagem que torna possível a instituição social e o sistema de valores.”

Portanto, os cursos oferecidos significam a disseminação da cultura e a inclusão social através dos mais diversos meios comunicacionais como dança, teatro, artesanato.
O projeto Anjos da Leitura festa gingando palavras Sarau e Capoeira (Projeto PMIC) traz para a população não só a leitura e a arte da capoeira, mas também reúne duas importantes atividades, que faz com que as pessoas possam combinar o conhecimento. Esse projeto transforma uma simples atividade em cultura a ser espalhada por aqueles freqüentadores, para seus amigos e familiares.
Os projetos de recitais de canto fazem mais do que ensinar o canto, mas dão oportunidade das pessoas se comunicarem em público. Os projetos de dança desenvolvem os movimentos, a sincronia e a sintonia com melodias que atinge o emocional das pessoas, assim levando a todos, sensibilidade e emoção.
O conceito de Significação é de “chave em redor do qual se organiza toda a teoria semiológica. Pressupõe sentido, não só sinais, mas signos emitidos e recebidos por seres humanos na base de um código, que leva a uma interpretação humana” (TEMER, NERY, 2009). Os projetos citados têm significação na comunicação e nos sentidos particulares de quem expressa as ações e de quem as acompanha, em um círculo inter-relacional, como na estrutura bilateral da Linguistica Estrutural, que apresenta-se sempre de forma dicotômica, ou seja, numa relação entre dois elementos.
Na Oficina Cultural, tem há o teatro, que mexe com a comunicação, a expressão corporal, gestual, entonação de voz, postura. Esse tipo de atividade não fica preso somente na arte, auxiliando a quem o pratica poder colocar tudo o que aprendeu no seu cotidiano, pois em qualquer ramo de atividade profissional é fundamental que se possua expressão, postura.
O cinema fornece uma linguagem diferenciada ao que se encontra no cotidiano, podendo criar um outro ângulo de visão sobre os próprios problemas. Para Temer e Nery (2009), o conceito de mensagem

“é a informação total comunicada quando um enunciado é utilizado em circunstâncias determinadas. Ou: é uma sequência de signos organizados de acordo com regras de combinação prévia e que um emissor transmite a um receptor por meio de um canal.”

O cinema apresenta então uma mensagem que pode alcançar lugares distantes, pois a arte se faz presente mesmo na ausência de que quem participou do processo de produção do filme, através de diversos canais difusores.
O artesanato além de ensinar uma atividade manual pode se transformar em um meio de renda das famílias. Todo material produzido, sejam telas, tapetes e derivados, pode ser vendido nas feiras que são realizadas o ano inteiro na cidade de Uberlândia. O papel social deste curso tem significado a diferença entre o sustento e a carência para muitas pessoas. Novamente entramos, sem nunca termos saído, na Semiótica, com seus Significantes e Significados.
O curso de alfabetização em Braille para deficientes visuais é muito mais do que ensinar pessoas, é fazer com que elas sintam-se mais próximas de toda a comunidade, que percebam que a deficiência visual não é um empecilho para viverem socialmente e profissionalmente. Ele aproxima toda uma sociedade àqueles que possuem a deficiência e acabam sendo discriminados, mostrando que não existem barreiras e que tabus devem ser quebrados. A inclusão social se faz presente através da comunicação, no caso o Braille, e seus significados econômicos, psicológicos e sociológicos.
Através da Oficina Cultural também se tem acesso ao ônibus-biblioteca, que leva a diversos bairros muito mais do que livros, leva cultura, informação, interatividade entre aqueles que participam do evento, aproximando dessa forma o conhecimento das pessoas que se localizam em bairros mais distantes.

Conclusão

A Oficina Cultural traz cultura, informação, arte, inclusão além de valorizar a vida das pessoas através de seus projetos. Todos os significados que dela extraímos e interpretamos se encontram com a sociabilidade e a qualidade de vida, fundamentais para qualquer pessoa.
Os cidadãos de Uberlândia têm esse direito e esse privilégio: o de contar com processos artísticos e comunicacionais da Oficina, vistos e estudados por Peirce e Saussure na Semiótica, para crescerem como seres humanos, com suas variáveis psicológicas e sociais.

Referências


COELHO, José Teixeira: Semiótica, informação e comunicação. 3 ed. São Paulo: Perspectiva, 1990.
NÖTH, W.: Panorama da Semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo: Annablume, 1995.
PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA: Inventário de Proteção do Acervo Cultural. Minas Gerais, Brasil.
QUEIROZ, A. J. M.: Sobre as 10 Classes de Signos de C.S.Peirce. Tese de Mestrado, inédita. PUC, 1997.
SANTAELLA, L.: A teoria geral dos signos: Como as linguagens significam as coisas. 2 ed. São Paulo: Pioneira, 2000.
TEMER, A. C. R. P.; NERY, V.C.A.: Para entender as teorias da comunicação. 2.ed. Uberlândia: EDUFU, 2009. 206 p.
VERA LÚCIA: Entrevista concedida em 14 de dezembro de 2009.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Curso de representação cênica



Uma boa oportunidade para quem quer atuar na área da comunicação. Sempre confirmem as informações antes de qualquer investimento.

Novas Cruzadas - o jornal

O jornal Novas Cruzadas, assim como a reportagem de tv - disponível no endereço http://proculturaalternativa.blogspot.com/2009/10/novas-cruzadas-faculdade-catolica-de.html - foi desenvolvido através do Estágio para Correspondente em Assuntos Militares (ECAM) em meados de 2009. Confiram o trabalho realizado pelos acadêmicos de Jornalismo, lembrando que as matérias são de autoria e responsabilidade de quem as assina.















terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A história do bairro Cidade Jardim


O bairro Cidade Jardim foi o primeiro projeto dirigido de Uberlândia. Foram comprados 40 alqueires da fazenda Capim Branco, de Aldorando Dias de Souza, para lotear o bairro que, na primeira etapa, trazia infra-estrutura, com rede de água potável, pluvial e esgoto, energia elétrica e asfalto.
É um bairro predominantemente residencial no Setor Sul da cidade. Em 2000 ocupava uma área de 2,061 km² e sua população era estimada em 6.223 habitantes. É bem arborizado, indo desde a rodovia MG-455, que liga Uberlândia a Campo Florido até as margens do rio Uberabinha, seu berço.
Teve início na avenida Uirapuru, na parte baixa, com casas de classe alta, mas vários pequenos conjuntos habitacionais com casas mais simples aos poucos foram se fundindo, incorporando-se e determinando a classe média predominante.
O nome do bairro inicialmente seria Cidade Náutica, pela proximidade com o Praia Clube, mas Aldorando Dias soube que Uberlândia era apelidada em outros municípios de “Cidade Jardim”. Esse apelido deve-se ao governo de Eduardo Marquez, que foi prefeito de 1923 a 1926 e se preocupava muito com a parte estética da cidade construindo praças, deixando-as bastante floridas. Sua gestão ficou conhecida como “governo das flores”.
Parte das terras foi doada pelo loteamento para a construção da Asso-ciação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), do Núcleo Servos Maria de Nazaré e para a expansão do Praia Clube, que construiu uma portaria na ave-nida Uirapuru.
Entre as curiosidades do bairro, está o Observatório Astronômico de Uberlândia, construído pelo analista de sistemas Roberto Ferreira Silvestre, 61 anos, no terraço de sua casa.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Jornal Uai Cultura

O Uai Cultura é um projeto interdisciplinar da faculdade de Jornalismo. Cada estudante assina e responsabiliza-se por sua página. Não queremos, em momento algum, nos auto-esteriotipar como profissionais. Apenas buscamos nosso espaço na aprendizagem acadêmica. Se há erros, e os há, que eles serviam de ensinamento e experiência adquirida. Vamos ao jornal.








































domingo, 20 de dezembro de 2009

A estética jornalística por um sentido mais profundo

A estética na comunicação trata não só da estrutura física e diagramação em jornais impressos, mas principalmente em um sentido muito mais profundo e filo-sófico, levando em consideração o conteúdo, tema, mensagem, meio e, é claro, a distribuição do texto na página. Partindo desse ponto de vista, não basta uma dia-gramação arrojada com um conteúdo textual pífio. A estética, então, estará prejudi-cada.
Gafes imensuráveis são cometidas a todo o momento no jornalismo, seja por falta de atenção, desconhecimento, pressa na finalização. As famosas “barrigas” são veiculadas, pondo jornais em posição vexatória. Erros gramaticais colaboram com o prejuízo estético, assim como redundâncias que beiram o tragicômico ou ainda, afirmações desmentidas dentro da própria oração.
Abaixo, seguem alguns exemplos:
• "A nova terapia traz esperanças a todos os que morrem de câncer a cada a-no." - Jornal do Brasil –
• "Os sete artistas compõem um trio de talento.” - EXTRA
• "A vítima foi estrangulada a golpes de facão." - O DIA
• "No corredor do hospital psiquiátrico os doentes corriam como loucos." - O DIA
• "Ela contraiu a doença na época que ainda estava viva." - JORNAL DO BRASIL
• "Parece que ela foi morta pelo seu assassino." - EXTRA
• "O aumento do desemprego foi de 0% em novembro." - O DIA
• "O cadáver foi encontrado morto dentro do carro." - O GLOBO
Percebe-se a desatenção em alguns casos, mas diversas “pérolas” são fruto do despreparo dos profissionais da comunicação. A estética, sendo a fusão da es-sência e do formato, fica profundamente maculada com um conteúdo marcado por erros, mesmo que mostre um visual atraente.
É fundamental o preparo, a elaboração, a revisão apurada para não com-prometer o individual e o coletivo, jornais e jornalistas, meio e público.