segunda-feira, 15 de junho de 2009

Texto Opinativo

Trata-se da função psicológica, pela qual o ser humano, informado de ideias, fatos ou situações conflitantes, exprime a respeito seu juízo. Informação significa o conhecimento de certos dados fundamentais sobre o qual se é convidado a opinar.
As opiniões podem vir expressas de diversas formas e a abordagem diferenciada vai depender do veículo ao qual ela representa.

Editorial

O editorial de um veículo é a opinião dele em relação ao assunto tratado. Ele pode vir assinado ou não, mas lógica e invariavelmente não contraria os interesses do veículo que traz a sua publicação.
O editorial também pode servir como um canal de comunicação direta com o leitor, ouvinte ou espectador. Em algumas revistas ou tablóides, o editorial nada mais é do que uma apresentação da edição, com os temas abordados, como se fosse um batepapo entre duas pessoas.
Ex-Libris é uma expressão latina que significa dos livros, empregada para determinar a propriedade de um livro ou conteúdo editorial. A inscrição pode ser feita em uma vinheta que, em geral, contém um logotipo, brasão ou desenho e a expressão "Ex-Libris", seguida do nome do proprietário.
No jornal O Estado de São Paulo ele é a a assinatura do editorial, marcando a opinião do veículo, que normalmente não leva assinaturas pessoais, apesar dessa ser uma prática cada vez mais comum.



Abaixo, exemplo da edição de 1de maio de 2008, do Jornal da Tarde, pertencente ao grupo do Estadão:



... e segue o editorial.

Resenha

Resenha é a compilação de um fato, um acontecimento, uma obra (escrita ou audiovisual) em seus principais momentos, do ponto de vista do resenhista. A análise depende da vivência e do conhecimento de cada um, portanto não sendo uma atividade “engessada”, mudando o aspecto do original.
A resenha pode ser descritiva ou crítica. A resenha crítica terá a compilação acrescida da opinião do resenhista. No entanto, mesmo a descritiva levará nuances particulares de quem a escreve.

Charge

A opinião também pode ser dada através de desenhos e ilustrações. São as charges. Elas têm diversos formatos: quadrinhos, desenho único, e podem vir com ou sem balões (escritas).
Com o advento da internet, as charges eletrônicas também passaram a ocu-par lugar de destaque na comunicação. Exemplo disso é o sucesso do site char-ges.com, do carioca Maurício Ricardo, criado em Uberlândia.



Artigo

A forma mais tradicional de expressar opinião na comunicação é o artigo. Ele é um texto opinativo assinado por seu autor. O artigo pode ser periódico ou não. No caso de periodicidade do autor em um determinado veículo, o artigo pode ser publicado em uma coluna específica.
A seguir um exemplo, publicado na revista Isto é Dinheiro, de 27 de maio de 2009.

Eu especulo, tu especulas...

Por Milton Gamez

O presidente Lula não perde uma oportunidade pública de esculhambar os especuladores. Já fez isso diversas vezes lá fora, inclusive com o microfone da Organização das Nações Unidas, e no Brasil. Mais recentemente, usou a voz dos ministros Guido Mantega e Paulo Bernardo para destilar sua ira contra os especuladores e, assim, justificar a proposta de mu-dança no rendimento da poupança. Quem tem muito dinheiro e quer se aproveitar da queda dos juros para ganhar no mínimo 6% ao ano pode tirar o porquinho da chuva. O governo determinou até o número que separa o simples poupador do grande especulador: R$ 50 mil.
Qualquer real além disso, mesmo que tenha sido obtido com muito trabalho, faz de você um especulador desprezível e que, portanto, merece ser enquadrado pelo Leão do Imposto de Renda.
Nada contra pagar imposto. É justo e necessário tributar quem tem em benefício de quem não tem. Não fosse assim, não haveria recursos suficientes para o Estado fazer a sua parte na sociedade. Eu pago, tu pagas, ele paga... Mas atacar os especuladores para mexer na poupança é fazer teatro para as massas. Demonizar a especulação é simplificar o discurso e empobrecer o debate econômico. Primeiro, porque a solução para o dilema da poupança - a taxa fixa de 6% além da TR não pode ser um piso para a queda dos juros no Brasil - não foi apresentada. Segundo, porque os especuladores são necessários e estão em toda a parte, dinamizando a economia do País.
Especula quem guarda dinheiro na poupança para se proteger da inflação e ter mais dinhei-ro lá na frente para consumir. Especula quem acredita no Brasil e investe no setor produtivo, criando empregos e pagando impostos. Especula quem compra ações na Bovespa, sem ou com apoio oficial, como fizeram os trabalhadores que investiram seu FGTS na Petrobras e na Vale. Especula quem afasta o fantasma do desemprego e toma um empréstimo para comprar um carro ou uma geladeira, como incentiva o presidente Lula - com razão, diga-se - nesses tempos de crise. Especula quem constrói moradias, quem as financia e quem as compra. Eu especulo, tu especulas, ele especula...
Nas Bolsas, os especuladores arriscam seu capital para ganhar com ineficiências na forma-ção de preço dos ativos. Seu maior representante no final do século passado foi George Soros. Hoje, o pacato Warren Buffett é um ícone do capitalismo. Ele não é apenas um inves-tidor de longo prazo. É um especulador de primeira. Quem rema no sentido contrário, como Buffett, proporciona a liquidez necessária para os investidores que precisam de uma porta de saída nos momentos de pessimismo. São os especuladores que vendem para os demais investidores nas horas de otimismo.
Não fossem eles, o mercado de capitais seria ineficiente, as empresas teriam mais dificul-dade em levantar capital e o dinheiro ficaria empoçado. São tão necessários quanto os in-vestidores individuais e institucionais.
Se uma empresa exportadora quer se proteger contra a queda do dólar e não houver um especulador na outra ponta, não sai negócio e ela pode quebrar. Um produtor rural que não possa vender sua produção antecipadamente na Bolsa e não encontra um especulador dis-posto a correr o risco dos preços pode não ter dinheiro para plantar a próxima safra.
O mundo precisa dos bons especuladores para sair da crise. Quem é dispensável é o fora da lei, o manipulador dos mercados, o fraudador, o criminoso do colarinho branco que faz negócios com informações privilegiadas, o corrupto que lava seu dinheiro ilegítimo em Bol-sas e negócios legítimos, o empresário que abusa do poder econômico para aniquilar a con-corrência, o fornecedor de produtos piratas, o sonegador de impostos. Esses tipos devem ser perseguidos e punidos, pois causam danos a toda a sociedade. Eles preferem os paraí-sos fiscais aos bancos locais para guardar suas fortunas. E têm mais, muito mais que os R$ 50 mil que distinguem os poupadores dos "especuladores" da caderneta de poupança na Era Lula
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Coluna

A coluna é uma maneira de se expor opinião, seja através de artigos, crôni-cas ou pequenos e rápidos textos, distribuídos de acordo com o critério do autor, aqui chamado de colunista. A coluna pode vir em box ou solta na página. Porém, o uso do box é um artifício que delimita bem o espaço do colunista, que marca o es-paço opinativo reservado a ele.
Alguns colunistas são famosos, como Diogo Mainardi que escreve artigos na revista Veja, e José Simão, com suas crônicas na Folha de São Paulo. No caso do segundo, também é chamado de cronista.

Crônica

As opiniões podem ser contadas de diversas maneiras. Quando vêm de for-ma narrativa, quase sempre acrescidas de fatores literários, imaginativos, utilizando o texto quase que como um conto para expor as idéias, são chamadas de crônicas.
A palavra crônica deriva do Latim chronica que significa o relato de acontecimentos em ordem cronológica. Esse conceito foi modificando-se, sendo implementado por novos elementos, como os citados anteriormente. Ela pode ser veiculada de diversas formas: revistas, jornais, tv, rádio, internet.
A seguir, uma crônica hilária de Millôr Fernandes, como exemplo.

Palavrões

Millôr Fernandes

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. "Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra cara-lho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra ca-ralho, entende?
No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exi-gia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhu-ma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemen-te, o "prepone" - presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!". E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do supor-tável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial con-texto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!". Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha au-to-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade. E... Foda-se!
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Opinião do leitor

Em uma sociedade democrática, com a imprensa livre, nada mais justo que o leitor, ouvinte ou telespectador também possa opinar sobre os assuntos abordados e até mesmo sugerir pautas.
Muitos veículos abrem canais de comunicação com seu público. Espaços como Comentário, Carta do leitor são cada vez mais comuns em qualquer veículo jornalístico.
Há, inclusive, aqueles que defendem o público dentro do próprio conteúdo editorial. O ombudsman é o crítico do próprio jornal. Alguém que olha pelo ponto de vista do público, uma forma de tentar estreitar a relação entre a imprensa e a socie-dade.

Comparação entre matérias

O acidente em Curitiba (PR) envolvendo o então deputado estadual Fer-nando Ribas Carli Filho (PSB), que resultou na morte de dois jovens, teve reper-cussão nacional.
O programa Fantástico de 18 de maio abordou o tema com entrevistas de testemunhas, da mãe de uma das vítimas e da mãe do próprio Fernando Filho. O enfoque dado foi mais interpretativo do que opinativo.
Já na TV Transamérica de Curitiba, o programa Alerta 59 comandado por Reggie Campos, tem abordagem opinativa. O programa faz parte da denominada “imprensa marrom”, designação dada à imprensa sensacionalista, ou em outras pa-lavras, aos programas “mundo cão”.
A opinião expressa no programa veiculado dias antes da matéria do Fantás-tico é clara. Não teria nada de anti-ético nisso, a não ser por fatos não checados e por ser embasada em dados especulativos. Alguns desses dados se confirmaram posteriormente, outros não. Houve também afirmações regionalistas e preconceituo-sas, o que pode ferir a credibilidade.

Conclusão

A diversidade das formas das opiniões só perde para a diversidade das pró-prias opiniões. Nada de errado em expressá-las. Há espaço para isso no jornalismo, desde que fique claro que aquilo é uma opinião. O leitor ou espectador tem o direito de saber quando está diante de uma matéria opinativa, cabendo a ele então decidir se concorda ou não com o que está sendo dito ou publicado.
A ética no jornalismo deve ser sempre buscada em favor do público. A soci-edade é a maior beneficiária do bom jornalismo e a maior vítima do mal jornalismo. As opiniões devem ser claras e a maneira de expressá-las, comedida. E a busca pela verdade deve ser uma constante.

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