sexta-feira, 26 de junho de 2009

Festa junina: cultura e comércio

Originalmente era uma festa pagã, o solstício de verão, para comemorar a colheita principalmente do milho. Depois, foi apropriada pela igreja católica para festejar os seus santos: Santo Ovídio, Santa Clotilde, São Norberto, Santa Cândida, Santo Edmundo, Santa Margarida, São Barnabé, Santa Flora, Santo Agostinho, Santa Marina, São Protásio, Santa Juliana, São Luiz Gonzaga, São Guilherme e Santa Lúcia.

Aumentando a lista estão os verdadeiros “donos da festa”: Santo Antônio, no dia 13; São João Batista, no dia 24; São Pedro e São Paulo, no dia 29. No entanto, tudo começa no mês de março com a comemoração do dia de São José, que é justamente o início da plantação do milho na antiguidade.

A festa junina foi trazida ao Brasil pelos patrícios lusitanos. Em um país de proporções continentais, fundiu-se com a cultura dos escravos africanos e dos índios do interior do país. No entanto, a sua raiz religiosamente católica foi preservada, mesmo com novos elementos agregados com o passar do tempo.

Também, não se pode deixar de enfatizar o trabalho de comunicação e difusão dos seus santos pela própria igreja, para que fossem melhores aceitos pelo povo durante a idade média. Nesse ponto, os festejos juninos assemelham-se a comemoração do Natal, quando se comemora o nascimento de Jesus Cristo.

Concomitantemente à pregação, o artifício da imagem bela e pura foi utilizado na “propaganda religiosa”. Assim como a imagem de um Jesus Cristo europeu foi difundida, com cabelos loiros levemente cacheados e olhos azuis, também a imagem de um São João carrancudo foi substituída pela imagem angelical de um São João infantil.



Jesus Cristo “europeu”

Fonte: http://www.portugalnet.pt/pnet/membro.asp?cod_leitor=2163





Imagem de como seria Jesus Cristo, baseado no tipo físico dos judeus da época, feita pela BBC de Londres

Fonte: http://adoradoresworship.blogspot.com/2007/11/rosto-provvel-de-jesus-segundo-bbc.html





São João angelical difundida pela igreja católica

Fonte: http://www.araripina.com.br/boatos-sobre-o-sao-joao-2009-em-araripina-pernambuco






Imagem de um São João mais sisudo

Fonte: http://ecclesia.com.br/images/icones/santos/s_joao_teologo9.jpg





O comércio é outro fator fortemente explorado nos festejos juninos. O Guiness Book, o livro dos recordes aponta o São João de Campina Grande, na Paraíba, como o maior do mundo. A cidade fica em festa e milhares de empregos diretos e indiretos são criados. Desde as tradicionais barraquinhas, a contratação de artistas, hotéis, até a indústria de alimentos, venda de trajes típicos, segurança, ambulantes. Tudo isso é aquecido no mês de junho, não somente em Campina Grande, mas também em todo o Brasil.




São João, de Campina Grande

Fonte: http://proculturaalternativa.blogspot.com/2009/06/globalizacao-favor-da-regionalizacao-um.html



As comidas típicas, assim como a dança (a tradicional quadrilha) são pontos fortes que se perpetuam e que fazem da festa parte do folclore. A cultura nordestina tem forte apelo nas festas juninas de todo o país, que agregam seus valores nessa época do ano. Fogueiras, fogos, balões fazem parte da tradição.

Escolas ensaiam crianças para apresentações, ONGs diversas promovem quermesses para arrecadar fundos para a população carente, as dioceses fervem de tarefas na organização dos festejos. É um mês cheio de atividades culturais e religiosas que se reforçam a cada ano enaltecendo o folclore nacional. Digno de santos.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

E na seleção brasileira...









Teatro

Dos filhos deste solo


Com a abertura do mercado de futebol europeu para transferências de jogadores, é comum começarem as especulações sobre transações milionárias que levam os talentos brazucas para além-mar. No entanto, esse ano percebe-se uma movimentação bem atípica. Vários jogadores que atuavam na Europa voltaram a atuar no Brasil, alguns até nos próprios clubes que os revelaram.
Adriano no Flamengo, Ronaldo no Corinthians, Fred no Fluminense são exemplos da repatriação. Existem comentários na grande imprensa dando conta da volta de Robinho à Vila Belmiro, apesar de já ter sido negado pelo presidente do Santos, que alegou não haver condições financeiras de manter o jogador no Brasil. De fato não há.
Rumores acerca da transferência de Robinho são frutos do descontentamento do jogador no Manchester City. Mas o futebol nacional está muito longe de competir com o petróleo do xeique, que tem no elenco de seu time outros canarinhos.
Há de se levar em conta, não somente a careira do jogador, mas também o estado físico em que ele se encontra. Não dá pra pagar um salário totalmente fora da realidade do mercado nacional para se ter um jogador em fim de carreira, que já não rende em campo.
Muito do que estamos vendo é marketing. O jogador vem para aumentar as vendas de produtos com a marca do clube e atrair multidões aos estádios. No entanto a sua atuação é medíocre, no pior sentido da palavra. Os clubes brasileiros não são hospitais ou clínicas de recuperação de atletas fora de forma.
Outros artifícios já foram usados para levantar fundos e contratar estrelas. “Amigo Torcedor”, parcerias e a própria venda de pratas da casa foram feitos por clubes que preferiram o retorno rápido de títulos em detrimento de um plano sólido de trabalho a médio e longo prazo, que poderiam trazer resultados efetivos.
O caso da parceria do Corinthians com a MSI entrou na história como fiasco contra o fisco (desculpem o trocadilho). Polícia federal, demissões, abandono ao clube. Esse foi o resultado da tal parceria.
O que é honesto é mais demorado e difícil. E sem dinheiro (de preferência honesto), os nossos valores futebolísticos continuarão a desfilar seu brilho nos campos estrangeiros.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Prós e contras da aula expositiva


Aula expositiva é aquela aula onde o professor expõe o conteúdo da sua matéria, passando o seu conhecimento acerca do tema, agindo como participante ativo e o aluno como passivo, apenas recebendo as informações passadas. O professor, portanto, passa a ser o difusor e aluno o receptador dessas informações.

Normalmente, a aula expositiva ocorre em períodos do ensino em que o domínio do professor é grande e há demanda de conhecimento dos alunos, sem necessariamente, que eles exponham suas opiniões, como em um debate. Ela ocorre mais comumente em cursos de especialização ou cursos da área mais técnica, e também no ensino fundamental.
Há diversas maneiras de se fazer uma aula expositiva. O professor pode passar o conteúdo simplesmente de forma oral ou usando ferramentas como o quadro, multimídia, etc. Questionamentos e levantamento de dúvidas podem ser feitos durante a exposição ou guardadas para o final.

Determinadas matérias são muito técnicas e pouco filosóficas. Nesse sentido a exposição é melhor colocada, já que a filosofia e crítica de cada um pouco importa para o tema. Culturas mais paternalistas ou massificadas com certeza adotarão o método. Ou mesmo culturas mais democráticas e com bom conhecimento, desde que empregadas nas matérias mais técnicas. Quando o professor percebe que a sua turma, mesmo em conteúdos mais filosóficos, carecem de informação acerca do tema, a aula expositiva se faz viável.

As relações são afetadas diretamente. O professor encontra-se em um patamar mais elevado do que o aluno em relação a conhecimento e hierarquia. A relação não se dá de forma democrática, onde existe um nivelamento maior e essa relação professor/aluno é construída em um nível mais plano.

É uma aula mais cansativa. Portanto, há de se ter ferramentas para implementar a aula. Em matérias mais sociais ou filosóficas, esse tipo de aula é extremamente inadequada, pois nesse caso, o melhor ensino é aquele construído com pensamento crítico, análise e troca de experiências. Se faz mais viável então se preparar em casa para debater em aula o conteúdo da matéria. Além de mais prazeroso e menos cansativo, torna a aula e, consequentemente, a disciplina mais ágil.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Texto Opinativo

Trata-se da função psicológica, pela qual o ser humano, informado de ideias, fatos ou situações conflitantes, exprime a respeito seu juízo. Informação significa o conhecimento de certos dados fundamentais sobre o qual se é convidado a opinar.
As opiniões podem vir expressas de diversas formas e a abordagem diferenciada vai depender do veículo ao qual ela representa.

Editorial

O editorial de um veículo é a opinião dele em relação ao assunto tratado. Ele pode vir assinado ou não, mas lógica e invariavelmente não contraria os interesses do veículo que traz a sua publicação.
O editorial também pode servir como um canal de comunicação direta com o leitor, ouvinte ou espectador. Em algumas revistas ou tablóides, o editorial nada mais é do que uma apresentação da edição, com os temas abordados, como se fosse um batepapo entre duas pessoas.
Ex-Libris é uma expressão latina que significa dos livros, empregada para determinar a propriedade de um livro ou conteúdo editorial. A inscrição pode ser feita em uma vinheta que, em geral, contém um logotipo, brasão ou desenho e a expressão "Ex-Libris", seguida do nome do proprietário.
No jornal O Estado de São Paulo ele é a a assinatura do editorial, marcando a opinião do veículo, que normalmente não leva assinaturas pessoais, apesar dessa ser uma prática cada vez mais comum.



Abaixo, exemplo da edição de 1de maio de 2008, do Jornal da Tarde, pertencente ao grupo do Estadão:



... e segue o editorial.

Resenha

Resenha é a compilação de um fato, um acontecimento, uma obra (escrita ou audiovisual) em seus principais momentos, do ponto de vista do resenhista. A análise depende da vivência e do conhecimento de cada um, portanto não sendo uma atividade “engessada”, mudando o aspecto do original.
A resenha pode ser descritiva ou crítica. A resenha crítica terá a compilação acrescida da opinião do resenhista. No entanto, mesmo a descritiva levará nuances particulares de quem a escreve.

Charge

A opinião também pode ser dada através de desenhos e ilustrações. São as charges. Elas têm diversos formatos: quadrinhos, desenho único, e podem vir com ou sem balões (escritas).
Com o advento da internet, as charges eletrônicas também passaram a ocu-par lugar de destaque na comunicação. Exemplo disso é o sucesso do site char-ges.com, do carioca Maurício Ricardo, criado em Uberlândia.



Artigo

A forma mais tradicional de expressar opinião na comunicação é o artigo. Ele é um texto opinativo assinado por seu autor. O artigo pode ser periódico ou não. No caso de periodicidade do autor em um determinado veículo, o artigo pode ser publicado em uma coluna específica.
A seguir um exemplo, publicado na revista Isto é Dinheiro, de 27 de maio de 2009.

Eu especulo, tu especulas...

Por Milton Gamez

O presidente Lula não perde uma oportunidade pública de esculhambar os especuladores. Já fez isso diversas vezes lá fora, inclusive com o microfone da Organização das Nações Unidas, e no Brasil. Mais recentemente, usou a voz dos ministros Guido Mantega e Paulo Bernardo para destilar sua ira contra os especuladores e, assim, justificar a proposta de mu-dança no rendimento da poupança. Quem tem muito dinheiro e quer se aproveitar da queda dos juros para ganhar no mínimo 6% ao ano pode tirar o porquinho da chuva. O governo determinou até o número que separa o simples poupador do grande especulador: R$ 50 mil.
Qualquer real além disso, mesmo que tenha sido obtido com muito trabalho, faz de você um especulador desprezível e que, portanto, merece ser enquadrado pelo Leão do Imposto de Renda.
Nada contra pagar imposto. É justo e necessário tributar quem tem em benefício de quem não tem. Não fosse assim, não haveria recursos suficientes para o Estado fazer a sua parte na sociedade. Eu pago, tu pagas, ele paga... Mas atacar os especuladores para mexer na poupança é fazer teatro para as massas. Demonizar a especulação é simplificar o discurso e empobrecer o debate econômico. Primeiro, porque a solução para o dilema da poupança - a taxa fixa de 6% além da TR não pode ser um piso para a queda dos juros no Brasil - não foi apresentada. Segundo, porque os especuladores são necessários e estão em toda a parte, dinamizando a economia do País.
Especula quem guarda dinheiro na poupança para se proteger da inflação e ter mais dinhei-ro lá na frente para consumir. Especula quem acredita no Brasil e investe no setor produtivo, criando empregos e pagando impostos. Especula quem compra ações na Bovespa, sem ou com apoio oficial, como fizeram os trabalhadores que investiram seu FGTS na Petrobras e na Vale. Especula quem afasta o fantasma do desemprego e toma um empréstimo para comprar um carro ou uma geladeira, como incentiva o presidente Lula - com razão, diga-se - nesses tempos de crise. Especula quem constrói moradias, quem as financia e quem as compra. Eu especulo, tu especulas, ele especula...
Nas Bolsas, os especuladores arriscam seu capital para ganhar com ineficiências na forma-ção de preço dos ativos. Seu maior representante no final do século passado foi George Soros. Hoje, o pacato Warren Buffett é um ícone do capitalismo. Ele não é apenas um inves-tidor de longo prazo. É um especulador de primeira. Quem rema no sentido contrário, como Buffett, proporciona a liquidez necessária para os investidores que precisam de uma porta de saída nos momentos de pessimismo. São os especuladores que vendem para os demais investidores nas horas de otimismo.
Não fossem eles, o mercado de capitais seria ineficiente, as empresas teriam mais dificul-dade em levantar capital e o dinheiro ficaria empoçado. São tão necessários quanto os in-vestidores individuais e institucionais.
Se uma empresa exportadora quer se proteger contra a queda do dólar e não houver um especulador na outra ponta, não sai negócio e ela pode quebrar. Um produtor rural que não possa vender sua produção antecipadamente na Bolsa e não encontra um especulador dis-posto a correr o risco dos preços pode não ter dinheiro para plantar a próxima safra.
O mundo precisa dos bons especuladores para sair da crise. Quem é dispensável é o fora da lei, o manipulador dos mercados, o fraudador, o criminoso do colarinho branco que faz negócios com informações privilegiadas, o corrupto que lava seu dinheiro ilegítimo em Bol-sas e negócios legítimos, o empresário que abusa do poder econômico para aniquilar a con-corrência, o fornecedor de produtos piratas, o sonegador de impostos. Esses tipos devem ser perseguidos e punidos, pois causam danos a toda a sociedade. Eles preferem os paraí-sos fiscais aos bancos locais para guardar suas fortunas. E têm mais, muito mais que os R$ 50 mil que distinguem os poupadores dos "especuladores" da caderneta de poupança na Era Lula
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Coluna

A coluna é uma maneira de se expor opinião, seja através de artigos, crôni-cas ou pequenos e rápidos textos, distribuídos de acordo com o critério do autor, aqui chamado de colunista. A coluna pode vir em box ou solta na página. Porém, o uso do box é um artifício que delimita bem o espaço do colunista, que marca o es-paço opinativo reservado a ele.
Alguns colunistas são famosos, como Diogo Mainardi que escreve artigos na revista Veja, e José Simão, com suas crônicas na Folha de São Paulo. No caso do segundo, também é chamado de cronista.

Crônica

As opiniões podem ser contadas de diversas maneiras. Quando vêm de for-ma narrativa, quase sempre acrescidas de fatores literários, imaginativos, utilizando o texto quase que como um conto para expor as idéias, são chamadas de crônicas.
A palavra crônica deriva do Latim chronica que significa o relato de acontecimentos em ordem cronológica. Esse conceito foi modificando-se, sendo implementado por novos elementos, como os citados anteriormente. Ela pode ser veiculada de diversas formas: revistas, jornais, tv, rádio, internet.
A seguir, uma crônica hilária de Millôr Fernandes, como exemplo.

Palavrões

Millôr Fernandes

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. "Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra cara-lho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra ca-ralho, entende?
No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exi-gia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhu-ma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemen-te, o "prepone" - presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!". E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do supor-tável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial con-texto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!". Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha au-to-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade. E... Foda-se!
"


Opinião do leitor

Em uma sociedade democrática, com a imprensa livre, nada mais justo que o leitor, ouvinte ou telespectador também possa opinar sobre os assuntos abordados e até mesmo sugerir pautas.
Muitos veículos abrem canais de comunicação com seu público. Espaços como Comentário, Carta do leitor são cada vez mais comuns em qualquer veículo jornalístico.
Há, inclusive, aqueles que defendem o público dentro do próprio conteúdo editorial. O ombudsman é o crítico do próprio jornal. Alguém que olha pelo ponto de vista do público, uma forma de tentar estreitar a relação entre a imprensa e a socie-dade.

Comparação entre matérias

O acidente em Curitiba (PR) envolvendo o então deputado estadual Fer-nando Ribas Carli Filho (PSB), que resultou na morte de dois jovens, teve reper-cussão nacional.
O programa Fantástico de 18 de maio abordou o tema com entrevistas de testemunhas, da mãe de uma das vítimas e da mãe do próprio Fernando Filho. O enfoque dado foi mais interpretativo do que opinativo.
Já na TV Transamérica de Curitiba, o programa Alerta 59 comandado por Reggie Campos, tem abordagem opinativa. O programa faz parte da denominada “imprensa marrom”, designação dada à imprensa sensacionalista, ou em outras pa-lavras, aos programas “mundo cão”.
A opinião expressa no programa veiculado dias antes da matéria do Fantás-tico é clara. Não teria nada de anti-ético nisso, a não ser por fatos não checados e por ser embasada em dados especulativos. Alguns desses dados se confirmaram posteriormente, outros não. Houve também afirmações regionalistas e preconceituo-sas, o que pode ferir a credibilidade.

Conclusão

A diversidade das formas das opiniões só perde para a diversidade das pró-prias opiniões. Nada de errado em expressá-las. Há espaço para isso no jornalismo, desde que fique claro que aquilo é uma opinião. O leitor ou espectador tem o direito de saber quando está diante de uma matéria opinativa, cabendo a ele então decidir se concorda ou não com o que está sendo dito ou publicado.
A ética no jornalismo deve ser sempre buscada em favor do público. A soci-edade é a maior beneficiária do bom jornalismo e a maior vítima do mal jornalismo. As opiniões devem ser claras e a maneira de expressá-las, comedida. E a busca pela verdade deve ser uma constante.

Petrobras dita novos rumos no jornalismo


Quem achou que a internet revolucionaria a comunicação acertou. Quem achou que comunicação seria democratizada na rede também acertou. Quem achou que o limite para a opinião seria o pessoal, errou.
A Petrobras criou um canal utilizado por milhares de pessoas de uma forma, no mínimo, ousada. O blog “Petrobras fatos e dados” alvoroçou a imprensa brasileira ao divulgar conteúdo editorial de outros veículos, referente à empresa, em primeira mão na íntegra.
O motivo da criação do blog é a saraivada de tiros levada pela estatal nos últimos tempos pela imprensa, que trouxe à tona suspeitas de irregularidades na sua gestão e o andamento da CPI da Petrobras. O Globo, por exemplo, critica veementemente o blog, por divulgar o que alega ser um conteúdo de propriedade e autoria do jornalista e do veículo que ele representa. Portanto, a Petrobras não teria o direito de publicação antes da veiculação.
Já a Petrobras alega estar defendendo-se de acusações sem nexo e que os veículos de comunicação estariam “perseguindo” a empresa. Seria essa, então, a saída encontrada para o que a estatal chama de ”transparência do relacionamento da Petrobras com a imprensa”.
A divulgação das matérias de outros veículos fura a pauta de muitos jornais. E abre uma enorme brecha para que matérias e entrevistas direcionadas e opinativas sejam tratadas antes mesmo da argumentação dos jornalistas. A pauta negativa seria tratada antes mesmo de ser veiculada. E isso enfurece muita gente.
Tratando-se de um veículo opinativo em sua origem, o blog claramente defende a empresa, e não poderia ser diferente. O que deve ser questionado é a maneira como isso é feito. Os rumos da comunicação podem estar vivendo um novo marco. Se isso vira moda, os jornais terão de se adaptar e criar pautas mais criativas e opinativas, um veículo comentando e analisando o outro.
O exercício dinâmico do jornalismo deveria estar acima de questões políticas e comerciais, mas não é o que se vê por aí. Nem do lado da Petrobras nem do lado dos jornais. Essa é a melhor forma de perceber o que de fato acontece e, quem sabe, reescrever a maneira como se faz o jornalismo.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A Globalização a favor da Regionalização: um breve comentário sobre São João de Campina Grande – PB


GOBBI, Maria Cristina: Folkmarketing e o maior São João do mundo. 4 p. Resenhado de: LUCENA FILHO, Severino Alves de. A festa junina em Campina Grande – PB: uma estratégia de folkmarketing. João Pessoa: UFPB/Universitária, 2007. 218 p.

Por Ronaldo Pedroso

A professora doutora em Comunicação Social Maria Cristina Gobbi resenha o livro de Lucena Filho, resultado de sua tese para o doutorado, com conceitos e raciocínios acerca da festa de São João, em Campina Grande, e dos mecanismos de marketing utilizados para a publicidade da festa.
O texto deixa claro que a regionalização é o fator preponderante para o sucesso da festa na esfera nacional e até mesmo com aproveitamentos globais de turismo, com a participação de estrangeiros prestigiando um evento popular-folclórico, com raízes européias e temperos africanos e indígenas, frutos da miscigenação do povo brasileiro.
A globalização é vista como ferramenta para o marketing da festa. É a disseminação de um produto especificamente regional nos meios de comunicação, o marketing usando a regionalização como forma de aguçar a curiosidade de pessoas de outras partes do Brasil e do mundo.
O São João de Campinha Grande detém traços indissolúveis do folclore nordestino. E são esses traços os maiores chamarizes para a festa. Turistas curiosos em conhecer outras culturas lotam os hotéis da cidade nos meses de junho e julho, como já acontece com o carnaval do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife.
Tudo isso reforça a cultura regional em vias de extinção, graças justamente à globalização que, nesse caso, é utilizada para propagar o São João, num caminho inverso, percebido com extrema inteligência pelo marketing.