quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A alegria superficial da compra


Ao passar pela vitrine e ver aquela bolsa ou sapato ou ainda aquele computador temos o impulso de entrar e comprar, muitas vezes até sem condições de fazê-lo. A idéia de que falta alguma coisa e que, ao comprar um objeto de desejo, estamos completos é ilusória. Como um menino com brinquedo novo, que depois de algum tempo o esquece jogado pelo fundo do quintal, qualquer pessoa também vai esquecer aquele objeto comprado por impulso e a sensação de vazio volta.
No mundo moderno e globalizado estamos cada vez mais introspectivos, “ensimesmados”, e o vazio nos acompanha em cada passo que damos. Não temos mais tempo para dedicarmos a nós mesmos ou àqueles que nos cercam. Estamos sempre correndo contra o tempo de entregar o trabalho na faculdade, chegar no horário ao trabalho, levar as crianças ao médico.
Aliás, como era bom ser criança! Não havia pressa nem em vestir o uniforme para ir para a escola. Os pais se preocupavam com isso. Em dias de prova, estudava-se um pouco antes, e se não se saísse bem, sempre tinha a próxima prova ou o próximo ano.
Esse corre-corre dos tempos de hoje, as pressões impostas pela sociedade, o fast food ao invés do arroz, feijão e bife, tudo isso colabora para que tenhamos uma vida extremamente desgastante e cheia de pressão. E essa pressão em algum momento vai sair, seja em alguma doença psicológica como anorexia, síndrome do pânico, bulimia, depressão ou ainda como o consumismo.
Trocamos o prazer de fala, do jantar em família, de brincar na rua pelo prazer de comprar. E compramos essa idéia como compramos algum objeto desnecessário, com a alegria superficial do sorriso nublado, sem a real visão das coisas. Visão que só é clara para os anúncios de “compre”, “leve”, “não perca”, nos dando ordens a todo o momento, com a promessa de nos fazer felizes. E, no final, pagamos caro por essa idéia que nos é vendida, e que insistimos em comprar.

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